Economia

O que acontece se o dólar deixar de ser a moeda global? Ex-diretor da OMC alerta para colapso na economia dos EUA

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O que acontece se o dólar deixar de ser a moeda global

A ideia de o dólar perder seu papel como principal moeda do mundo pode parecer distante — mas se isso acontecer, o impacto seria devastador. Quem afirma isso é Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para ele, o colapso da hegemonia do dólar não é apenas uma teoria: seria fatal para a economia dos Estados Unidos.

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Por que o dólar é tão importante?

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o dólar se tornou a base das transações internacionais, reservas cambiais e comércio entre países. Quando uma empresa no Brasil compra petróleo da Arábia Saudita, é provável que o pagamento seja feito em dólar. O mesmo acontece em bilhões de outras transações diárias no mundo todo.

A confiança no dólar permite que os EUA emitam dívida com facilidade e atraiam investimentos globais. Mas isso não é garantido para sempre.

Um risco real para a economia americana

Azevêdo foi direto: “Se os EUA perderem o dólar como moeda global, o impacto será brutal”. O ex-diretor da OMC destaca que os Estados Unidos já são extremamente dependentes da confiança dos mercados. Sem ela, manter os gastos públicos e a dívida atual se tornaria insustentável.

Mais do que um problema interno, essa mudança teria reflexos para toda a economia global.

A raiz do problema: dívida, confiança e dependência

Hoje, os EUA têm a maior dívida pública do planeta. E é justamente o fato de essa dívida ser sustentada por investidores do mundo inteiro que a mantém de pé. A moeda americana, por ser dominante, funciona como um “porto seguro”.

Mas Azevêdo alerta: “Quando você tem um único devedor e o banco está muito exposto a ele, qualquer abalo pode quebrar os dois”. É esse o risco que se desenha no horizonte.

O avanço de moedas alternativas

Nos últimos anos, países como China, Rússia e Índia têm articulado acordos para realizar transações internacionais em moedas locais — como o yuan e a rúpia. O bloco dos BRICS, por exemplo, já discute a criação de uma moeda própria para comércio internacional.

Esses movimentos ainda são tímidos, mas indicam uma tendência: o mundo começa a buscar alternativas ao dólar. E se essa tendência se acelerar, os Estados Unidos terão que lidar com um cenário completamente novo — e muito mais desafiador.

O que pode acontecer com os EUA?

Se o dólar deixar de ser a principal moeda global, algumas consequências são quase inevitáveis:

  • Queda na demanda por títulos do Tesouro americano
    Isso significaria que os EUA teriam que pagar juros mais altos para atrair investidores.
  • Desvalorização do dólar frente a outras moedas
    Com menos países precisando da moeda americana, sua cotação cairia.
  • Inflação interna nos Estados Unidos
    Importar produtos ficaria mais caro, pressionando os preços dentro do país.
  • Perda de influência econômica e política global
    A moeda também é uma ferramenta de poder. Perder o dólar significa perder força geopolítica.

E o Brasil no meio disso tudo?

Embora o alerta seja focado nos EUA, países emergentes como o Brasil também seriam afetados. Com o dólar fraco, exportadores poderiam ganhar competitividade, mas ao mesmo tempo, haveria instabilidade nos mercados e incerteza nos investimentos.

Além disso, o real ainda depende fortemente do dólar como referência. Uma mudança brusca poderia trazer volatilidade e dificuldades no curto prazo.

Existe uma solução?

Para Azevêdo, o mais provável é que haja um ajuste gradual. O dólar pode continuar sendo relevante, mas com menos peso. “O risco não é imediato, mas a tendência já começou”, alerta o ex-diretor da OMC.

O que define o futuro é a confiança. E essa confiança depende da estabilidade política, econômica e fiscal dos Estados Unidos. Se essa base continuar se enfraquecendo, o mundo pode buscar outros caminhos — e o dólar pode, sim, deixar de ser o centro do sistema global.

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